Modern Family :: T11
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Steven Levitan, Christopher Lloyd (I)
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Modern Family T11
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2019
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EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
Crítica
Não é toda série que consegue permanecer em exibição por mais de uma década. Sucessos de imenso apelo popular, como Friends (1994-2004) ou Seinfeld (1989-1998), por exemplo, ficaram exatamente este período no ar, ou menos – 10 anos o primeiro, 9 o segundo, respectivamente. É claro que sempre haverá aquele que irá lembrar de Grey’s Anatomy (que estreou em 2005 e tem grandes chances de emplacar uma 18° temporada em 2021), mas a produção criada por Shonda Rhimes é um drama, e o foco aqui são sitcoms. E sob esse ponto de vista, os 11 anos alcançados por Modern Family de modo algum podem ser encarados levianamente. Afinal, trata-se, sim, de um marco, ainda mais ao se tratar de um elenco em grande parte infantil – Aubrey Anderson-Emmons, a Lily, tinha apenas 4 anos quando gravou seu primeiro episódio – que literalmente cresceu em frente às câmeras. Terem conseguido manter essa unidade, tanto em cena como nos bastidores, é um feito e tanto. Melhor ainda por ter chegado ao fim em grande estilo, entregando capítulos memoráveis nesse décimo primeiro ano e oferecendo desfechos para cada um dos personagens à altura de suas jornadas.
O final da décima leva de episódios foi marcado pela chegada de novos integrantes à turma: o nascimentos dos gêmeos de Haley (Sarah Hyland) e Dylan (Reid Ewing). Bom, a décima primeira temporada, portanto, começa exatamente nesse ponto, em um capítulo apropriadamente chamado de “New Kids On The Block” (os novos garotos do pedaço, em tradução direta). O casal mais sem noção do programa – e olha que a competição era intensa – até tentou levar uma vida independente, mas os avós Phil (Ty Burrell) e Claire (Julie Bowen), pressentindo a tragédia que se anunciaria se os dois ficassem sozinhos com os filhos recém-nascidos, acabam se metendo e levando o quarteto para morar com eles. Ao mesmo tempo, Alex (Ariel Winter), a filha genial, abandona um emprego na Antártida para voltar para casa. Por fim, Luke (Nolan Gould), o caçula um tanto lesado, enfim consegue entrar em uma faculdade comunitária, mas rapidamente começa a ter outros interesses (profissionais e românticos).
A casa cheia dos Dunphy é apenas um indício de que uma situação como essa não irá se sustentar por muito tempo, e uma inevitável separação está por vir. Mas não apenas entre eles, como entre todos os membros e agregados da grande família Pritchett. Jay (Ed O’Neill) e Gloria (Sofia Vergara) possuem um novo filho com o qual se preocupar – Joe (Jeremy Maguire) – ao passo que Manny (Rico Rodriguez) também se mostra pronto para deixar o ninho. Por outro lado, Mitchell (Jesse Tyler Ferguson) e Cameron (Eric Stonestreet) começam a se preparar para algo mais radical: tanto em logística, como a mudança para outro estado, graças a uma proposta de emprego para um deles, como também estrutural, o que os levam a questionar se não haveria chegado o momento de adotarem um novo bebê. Lily é a primeira a declarar ávida por essa novidade – afinal, nunca gostou ser o centro da atenção dos dois pais, e adoraria ter um irmãozinho (ou irmãzinha) com quem compartilhar os cuidados.
Ao longo dos 18 episódios da temporada final de Modern Family, grande parte da equipe de diretores e roteiristas originais se manteve ao lado dos criadores Steven Levitan e Christopher Lloyd (não confundir com o ator homônimo). Essa dupla já havia sido premiada pelo sitcom anterior que fizeram juntos, Frasier (1993-2004), e pelas desventuras dos Pritchett, Dunphy, Tucker e companhia ganharam nada menos do que 5 Emmys consecutivos de Melhor Série de Comédia – nos cinco primeiros anos – além de outros em Roteiro e Direção. Também foram premiados no Globo de Ouro, Critics Choice Television, DGA e em dezenas de outras premiações (foram mais de 110 prêmios e outras 385 indicações ao longo desses onze anos). Talvez por um misto de cansaço com excesso de outras opções, a temporada 11 registrou uma despedida protocolar junto à crítica e indústria, com apenas 3 indicações ao Emmy, uma ao Kid’s Choice e duas ao Online Film & Television Association, sem nenhuma vitória – o único reconhecimento foi no People’s Choice Awards (um prêmio do público, portanto), para Sofia Vergara. Importante registrar, no entanto, que muitas das lembranças acima citadas foram para a participação derradeira do veterano Fred Willard (Frank Dunphy, o pai de Phil), falecido em 15 de maio de 2020, poucas semanas após o seu personagem também morrer na trama, em uma bela homenagem.
Ao longo desse décimo primeiro ano, ao mesmo tempo em que aprendem a lidar com os netos (e bisnetos, no caso de Jay), muitos deles – como Claire, Cameron, Gloria e Alex – se arriscam atrás de novos empregos. Enquanto alguns querem mudar de área, outros buscam melhores oportunidades. O melhor de Modern Family sempre foi as possibilidades de cruzamentos entre os núcleos, então presenciar as dinâmicas entre Gloria e Phil, ou entre Cameron e Jay, ou mesmo Claire e Mitchell, invariavelmente respondem por alguns dos pontos altos do programa. Da mesma forma, as jornadas individuais de cada família também foram valorizadas. Bons exemplos disso são “Pool Party” (T11 E04), quando Cameron e Mitchell vão a uma festa na piscina na casa de amigos, ou “Perfect Pairs” (T11 E03), quando Phil redescobre o prazer pela mágica. Em uma jornada marcada por últimos encontros, como “The Last Halloween” (T11 E05), “The Last Thanksgiving” (T11 E07) e “The Last Christmas” (T11 E09), todos carregados de emoção, ainda houve mais uma viagem de todos juntos – que lugar melhor para visitar do que Paris? – e ainda um episódio de elenco (daqueles em que todos estão envolvidos em uma única história) que certamente deverá ficar nas lembranças dos fãs como um dos melhores de toda a série (“The Prescott”, T11 E10, que contou com as participações especiais de Stephen Merchant, Courteney Cox e até David Beckham)!
Em um capítulo final dividido em duas partes (“Finale Part 1” e “Part 2”, T11 E17 e E18), Modern Family deu adeus no momento certo, como um programa ainda capaz de render boas risadas, ao mesmo tempo em que levou seus fieis seguidores às lágrimas em meio a tantas despedidas. Mitchell e Cam representaram uma mudança no paradigma em relação a como casais homossexuais eram vistos no mainstream, Claire e Phil foram incansáveis na luta para manter a chama de um casamento acesa mesmo após terem passado por tanto, e Jay e Gloria, por mais clichê que pudessem ser vistos no começo, foram hábeis em ir além do estereótipo e construir algo sólido e, ao mesmo tempo, divertido. O que deixam é um legado de muito humor, com certos toques de ousadia, sempre na medida certa, sem abalar o tradicional, mas sem deixar, também, de provocar quando necessário. Não deixa saudades, pois se vai na hora certa, mas com a devida certeza de missão cumprida.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 7 |
Sarah Lyra | 7 |
Rodrigo de Oliveira | 7 |
Lucas Salgado | 7 |
MÉDIA | 7 |