Crítica


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Sinopse

Camille revive uma tragédia recente enquanto se esforça para investigar os assassinatos em Wind Gap. Richard fica frustrado com as suposições do chefe Vickery sobre possíveis suspeitos.

Crítica

Camille Preaker (Amy Adams) foi enviada de volta à sua cidade natal, Wind Gap, para investigar a morte de duas adolescentes. Teria sido obra de um serial killer? Ou os segredos daquela pequena comunidade são ainda mais profundos? Os dois primeiros episódios de Sharp Objects, série baseada no livro homônimo – Objetos Cortantes, no Brasil – de Gillian Flynn pouco colaboraram no sentido de tentar elucidar o caso. Por outro lado, apontaram com eficiência o quão difícil estava sendo para a personagem principal este reencontro com suas origens. Fix, o terceiro capítulo, desenvolveu-se basicamente em cima das duas conexões mais dolorosas para Camille: sua mãe, Adora (Patricia Clarkson), e a meia-irmã caçula, Amma (Eliza Scanlen).

Desde o momento em que voltou a colocar os pés em Wind Gap, Adora deixou clara sua insatisfação em rever a primogênita. Não a tratava mal, mas com desprezo, quase fingindo que ela não estava mais uma vez na casa onde havia nascido. Seu apreço seguia voltado àquela que sempre lhe ofereceu algum tipo de conforto: a filha menor, Amma, a quem se dedica com fervor. Essa, porém, definitivamente não é aquela menina de aparência angelical que demonstra ser ao lado da mãe. Às escondidas, assim que se vê longe do controle materno, assume uma nova postura, muito mais rebelde e selvagem. Em Fix, Camille se viu tendo que lidar com essas duas mulheres que até então não haviam mostrado a ela suas verdadeiras faces: uma Adora contrariada e nitidamente hostil, assim como uma Amma provocadora e pronta para a briga.

A repórter, no entanto, tem mais com o que se preocupar. Seu editor, Curry (Miguel Sandoval, de Perigo Real e Imediato, 1994), que a conhece como poucos, está preocupado tanto com o seu bem-estar como também com os rumos da matéria que deveria estar sendo escrita. O único contato real que Camille conseguiu estabelecer até o momento por ali foi com o outro forasteiro – afinal, é assim que ela se sente – o detetive Richard Willis (Chris Messina). E se primeiro ele lhe diz “fique longe de mim”, é certo que irá reconsiderar. Os dois precisam um do outro. E será através do jogo de gato e rato que passa a se desenvolver entre eles que ela acabará frente à John Keene (Taylor John Smith), irmão de uma das vítimas. Apontado como um dos principais suspeitos pela polícia, ele também pode ser uma fonte valiosa de informações. Resta esperar para ver o que a jornalista irá fazer com o que descobrir.

Sharp Objects é, obviamente, uma série difícil. Não apenas para a protagonista, que corta o próprio corpo como meio de espiar os conflitos internos que enfrenta, mas também para os intérpretes envolvidos com este drama – a ponto de Amy Adams já ter declarado que esta será uma temporada única, pois não estaria disposta a regressar para uma segunda jornada. Não que vá ser necessário, aliás. O livro de Flynn – mesma autora do romance que deu origem à Garota Exemplar, 2014 – não é dos mais caudalosos (são pouco mais de 250 páginas) e termina sem deixar pontas soltas. E o que pode ser depreendido dele é que, mais do que os eventos relatados, está nos personagens que os vivem seu maior interesse. Mas é preciso que estes estejam vivos para que possam despertar – e cativar – algum tipo de atenção e interesse. Justamente o que parece faltar por aqui.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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