Crítica


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Sinopse

Hoje é aniversário de Logan Roy, o poderoso patriarca de uma família dona de um império no ramo das comunicações e entretenimento. Este será também um dia para testar a fidelidade dos seus quatro filhos e descobrir qual está mais preparado para ser o seu sucessor nos negócios familiares.

Crítica

E no princípio, eram trevas. Assim, de modo quase bíblico, tem início Succession, série criada por Jesse Armstrong, roteirista indicado ao Oscar por Conversa Truncada (2009) e responsável por The Entire History of You (2011), terceiro episódio da primeira temporada de Black Mirror. E ele não está sozinho nesta empreitada. Ao seu lado estão nomes como Jonathan Glatzer (indicado ao Emmy por Better Call Saul, 2017) e Tony Roche (premiado no Emmy por Veep, 2015), entre os roteiristas, e o vencedor do Oscar Adam McKay entre os produtores executivos. Ou seja, como se percebe, há talentos de sobra envolvidos para que as expectativas sejam altas. E pelo que se vê em Celebration, o primeiro capítulo da temporada de estreia, é de se esperar que estas apostas sejam pagas à altura.

Dirigido pelo próprio McKay – seu primeiro trabalho desde o incrível A Grande Aposta (2015) – Celebration começa com um senhor se debatendo às escuras em um quarto que desconhece. Imagina-se estar no meio da noite, e na ânsia de ir ao banheiro que não encontra, acaba se aliviando no tapete mesmo. Logo uma porta se abre e as luzes se fazem. Estamos diante do todo poderoso Logan Roy (Brian Cox), e quem o socorre é a esposa, Marcia (Hiam Abbass). O dia já começou há tempo, mas para ele pouco importa – é, afinal, dono do seu próprio tempo e espaço. As coisas ao seu redor giram de acordo com a sua própria vontade, e ninguém poderá reprimi-lo – nem mesmo uma bexiga apertada.

Este é o dia do seu aniversário. Patriarca de uma família de quatro filhos, prepara-se para enfrentar a provação de ter que lidar com cada um deles durante o almoço de comemoração. Kendall (Jeremy Strong, de Detroit em Rebelião, 2017) é o escolhido para sucedê-lo nos negócios da família, um império multimilionário do ramo das comunicações e entretenimento. No entanto, ainda precisa provar o seu valor, não só deixando claro ter deixado para trás uma realidade de drogas, bebidas e mulheres para trás, como também pronto para fechar novos e importantes contratos – e, para isso, o processo de compra de um app recém lançado precisa ser finalizado. Shiv (Sarah Snook, de O Predestinado, 2014) é a única filha, e ao se lançar no mundo da política, dá indícios de não estar muito interessada nos compromissos familiares – mas isso, é claro, pode mudar a qualquer momento. Roman (Kieran Culkin, de A Estranha Família de Igby, 2002), o caçula, é o preferido, o rebelde que é sempre perdoado, o inconsequente que possui uma agenda secreta e bastante particular. E há também Connor (Alan Ruck, de Curtindo a Vida Adoidado, 1986), o mais velho, declaradamente cansado de todas as intrigas dos bastidores.

Cada um está na luta, tentando defender seus interesses. Mas o que pensa o velho Logan? Estaria ele disposto a mudar de ideia no último instante? Antigas amizades são descartadas como uma folha de papel amassada, enquanto que surpresas podem surgir a todo instante. E a principal delas é a presença de Greg (Nicholas Braun, de Como Ser Solteira, 2016), um primo distante sem rumo na vida que surge quase como penetra e acabará se envolvendo com estes parentes abastados, talvez mais do que possa ter sido dado a parecer devido ao seu começo desajeitado, porém incisivo. Em Succession, nada é dado como definitivo, e uma vez que o rei ainda não está morto, tudo pode ser posto mais de uma vez. Os caminhos para isso, como se percebe, estão mais do que prontos. Basta coragem para trilhá-los.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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