Crítica


7

Leitores


Sinopse

Eleanor, Chidi, Tahani e Jason precisam se tornar pessoas melhores, e para isso são mandados de volta para a Terra. No entanto, Michael estará atento para que o plano, dessa vez, funcione.

Crítica

Após uma primeira temporada que terminou de modo absolutamente eletrizante – “quer dizer que não era nada daquilo que que havíamos pensado até então?” – The Good Place precisou se virar ao avesso – literalmente – no ano seguinte para manter em alta as expectativas geradas. E não é que o esforço compensou? Pois agora, ao dar início à terceira temporada – serão 13 episódios, provavelmente 9 em 2018 e mais 4 em 2019 – com Everything is Bonzer!, os desafios alcançam outro nível, o que provavelmente justifica uma apropriada ‘volta às origens’. Em resumo: na T01 pensávamos estar no Lugar Bom, mas na real tudo aquilo era o Lugar Ruim; na T02, os protagonistas passaram entre o Limbo e o Lugar Nenhum, tentando de alguma forma chegar ao Lugar Bom. Como não conseguiram, o melhor é começar do zero. Assim, Eleanor (Kristen Bell), Chidi (William Jackson Harper), Tahani (Jameela Jamil) e Jason (Manny Jacinto) são enviados de volta à Terra, como se suas mortes houvessem sido canceladas. É a chance de provarem de vez que mudaram, e que, portanto, merecem por direito um espaço no Lugar Bom.

Apenas voltar, obviamente, não é fácil. Afinal, as pessoas que os quatro eram no final da T02 muito se devia às experiências que passaram durante as 800 reencarnações fracassadas rumo ao inatingível Lugar Bom. Ao retornarem ao mesmo ponto em que deveriam ter morrido, tudo que viveram depois é apagado e tais memórias – e vivências – desaparecem. Ter sobrevivido a uma situação de quase-morte faz com que qualquer um repense seu modo de ser, mas será o suficiente? Claro que não, ao menos com esses aqui. E será por isso que Michael (Ted Danson) e Janet (D’Arcy Carden), que deveriam assumir uma posição de meros espectadores, acabarão interferindo mais do que o previsto. Tudo para, aos poucos, direcioná-los rumo às mudanças que precisam enfrentar para se tornarem pessoas melhores. Enganando a Juíza (Maya Rudolph), porém sem conseguir escapar da atenta vigilância de Shawn (Marc Evan Jackson), o pior dos demônios.

Felizmente, essa T03 começa com um episódio duplo, reunindo os capítulos 26 e 27. E percebe-se facilmente o porquê do diretor Dean Holland dobrar sua tarefa: a primeira metade é dedicada à Eleanor e Chidi, enquanto que na parte final as atenções de voltam à Tahani e Jason. E é interessante perceber o quanto estes últimos, inicialmente meros coadjuvantes, já se sobressaíram aos dois protagonistas. A entrada em cena de Simone (Kirby Howell-Baptiste) oferece um elemento curioso, propondo um inusitado triângulo amoroso entre ela, Chidi e Eleanor, mas ainda é cedo para torcer por um ou outro desfecho. Com Tahani e Jason, no entanto, é pura comédia. Ela e seu mundo de celebridades (“vou apagar até o contato do The Edge que nem o Bono tem”) passa por uma jornada de autoconhecimento (com direito a uma parada em um monastério budista) que guarda boas piadas, mas será no próximo passo que o riso irá correr solto: Jason continua tão idiota quanto antes, e nem a tentativa de construir uma carreira como dançarino parece ter feito alguma diferença. Ver os quatro juntos, mais uma vez, no fim do episódio, é pura emoção.

Mas quem, enfim, realmente se destaca em Everything is Bonzer!? Ted Danson, como qualquer um poderia ter previsto. O veterano é a grande estrela do programa – ele ganhou o Critics Choice e foi indicado ao Emmy pela T02 – e está mais uma vez no comando total do seu personagem. A excitação dele de ir à Terra pela primeira vez, suas interações com o Porteiro (Mike O’Malley) e as artimanhas que precisa pensar para alinhar Eleanor, Chidi, Tahani e Jason um ao lado do outro fazem valer a espera por todo novo episódio, que são liberados a cada sete dias. Ao mesmo tempo, nesse começo ele domina a cena com tanta tranquilidade que poucas oportunidades puderam ser compartilhadas com D’Arcy Carden – que, como nenhum outro, foi a grande revelação do ano anterior como a surpreendente Janet. E se Shawn deve incomodar bastante a partir de agora, um outro elemento também é anunciado no último instante: e quem não está com saudades do demoníaco Trevor (Adam Scott)? Uma semana, como se percebe, nunca demorou tanto para passar!

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
avatar

Últimos artigos deRobledo Milani (Ver Tudo)