Titans :: T01 :: E11

Crítica

Se tem algo que Titans fez desde o início é surpreender. Para o bem e para o mal. Seja o primeiro episódio, a fim de calar a boca de quem achou a caracterização de Estelar "desnecessária" inicialmente; a aparição da Patrulha do Destino; o surgimento de coadjuvantes tão interessantes como Rapina, Columba e Donna Troy (que devem ter mais destaque como parte do elenco principal); o fraco arco de Jason Todd; a forma humana de Trigon. Percebe-se que, ainda com resvalos ocasionais, a premissa de seus criadores é deixar a série o mais dinâmica possível. Então, o fim da temporada não poderia ser outro que não uma surpresa, ainda mais por se intitular Dick Grayson. Se isso é bom ou ruim, cabem os 40 minutos para se analisar.

Como visto no episódio anterior, Dick (Brenton Thwaites) estava ao lado de Kory (Anna Diop) e Donna Troy (Conor Leslie) na tentativa de ultrapassar a barreira que protegia a casa de Angela (Rachel Nichols), reunida com sua filha Rachel (Teagan Croft), o amante e pai da garota, Trigon (Seamus Dever) e um moribundo Gar (Ryan Potter). O herói de Gotham foi o único que conseguiu o feito de chegar até o local, mas o custo já começa a ser revelado no início dessa season finale, que mostra Dick cinco anos no futuro, longe da vida de vigilante e ao lado de ninguém menos que Dawn (Minka Kelly), grávida de seu segundo (?!) filho. Ele é convocado por um Jason Todd (Curran Walters) paraplégico que avisa: o Batman está mais maluco que nunca após a morte de Alfred, seu mordomo, e de James Gordon, o comissário de polícia. Algo que leva o rapaz para sua antiga cidade, na missão de confrontar seu mentor.

São muitas as pistas oferecidas ao longo dos 30 primeiros minutos do episódio que deixam bem claro: aquilo tudo que Dick está vivendo é uma ilusão ou, realmente, um futuro alternativo, que tem muito mais a ver com a resolução do seu trauma familiar (biológico e com a família morcego) do que qualquer outra coisa. Não à toa os outros protagonistas da série surgem em diferentes roupagens. Rachel e Gar aparentam ser um casal que agora está na faculdade, longe de todos. Kory é uma agente secreta lidando com o caso do Batman de perto. E o morcegão realmente está aprontando todas, matando antigos inimigos como Coringa, Duas Caras e outros doidos do Asilo Arkham. Isso até Dick ressurgir para tentar colocar um pouco de sanidade em sua mente. Mas será que ele é capaz? Antes da resposta, muitas explosões e sangue jorrando vão rolar pela tela.

Quando tudo acaba, se percebe o propósito da trama, mas aonde ela nos leva? A season finale parece, antes de qualquer coisa, um anti-final. Não há uma grande batalha, como todos poderiam esperar, nem mortes, renascimentos, nada disso. Ao mesmo tempo em que esse "sonho que não é sonho" de Dick é extremamente interessante (inclusive levando a um aperfeiçoamento dramático de seu intérprete, Brenton Thwaites), não deixa de ser frustrante o modo como as coisas encerram. Ou melhor, como deixam mais um gancho, sem dar as devidas respostas. Se percebe que o conflito com Trigon vai ganhar ares mais preocupantes e perigosos para os jovens heróis na próxima temporada.

É um episódio com sabor agridoce. Se, por um lado, entrega um grande fanservice, por outro, vai deixar qualquer espectador por um bom tempo na especulação. A série realmente nos surpreende a cada momento, não? Pois esse é o momento crucial: ou os fãs vão continuar realmente aficionados pelo que estão assistindo ou vão largar de vez os Titans. É uma jogada arriscada, mas que, ao menos, evidencia a coragem dos envolvidos. Além de tudo, uma aparição de aço pós-créditos (duas, na verdade) dão indícios de que a segunda temporada vai trazer mais super-heróis ainda. Dessa vez, fazendo conexão com a turma derivada dos Titãs que ficou famosa entre o final dos anos 90 e início de 2000. Alguma pista do que vem a seguir? Resta aguardar bons meses para uma segunda temporada. E que todos estejam dispostos a seguir a série até lá.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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Matheus Bonez

é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.

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