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Sinopse

Os androides se rebelaram por todos os lados - e não apenas em Westworld. Enquanto isso, Dolores segue determinada a montar seu próprio exército, ao passo de Maeve está cada vez mais próxima de alcançar seus objetivos. E Charlotte, conseguirá ela acabar com a ameaça dos revoltosos e restaurar a ordem nos parques?

Crítica

Após os três episódios iniciais dessa segunda temporada terem se focados quase que exclusivamente no protagonismo feminino das personagens defendidas por Evan Rachel Wood, Thandie Newton e Tessa Thompson, o quarto capítulo decidiu, sabiamente, voltar-se aos homens. A mudança de rumo fez de The Riddle of the Sphinx – ou, em tradução direta, O Desafio da Esfinge – um dos capítulos mais enigmáticos até agora – e isso que estamos falando de Westworld, uma série que já deixou claras as suas intenções de provocar mais dúvidas do que proporcionar esclarecimentos. Uma das últimas vezes em que fomos convidados a seguir por esse rumo nos demos de cara com Lost (2004-2010), e quem a acompanhou até o fim deve lembrar bem da frustração deixada pela sua (falta de) conclusão. E o fato destas duas séries contarem com a mente criativa de J. J. Abrams entre os seus produtores, definitivamente, não é coincidência.

Com quem, então, nos deparamos em The Riddle of Sphinx? Bernard (Jeffrey Wright), de um lado, e o Homem de Preto (Ed Harris), do outro. A história do primeiro ganha mais luzes, principalmente pelo seu papel como “agente duplo” dentro dessa jogada: ele é um dos responsáveis pela criação do parque (ou assim pensava ser), ao mesmo tempo em que é também um dos brinquedos elaborados especialmente para acrescentar mais pontos à diversão. Ao se reencontrar com Elsie (Shannon Woodward, de A Seita, 2016), que até há pouco atuava como seu braço direito, ele ganha reforço em sua busca por suas origens. Quem, afinal, é ele? De onde – ou de quem – veio? E, principalmente, qual sua função em toda essa engrenagem? Questões, é claro, que estão longe de serem respondidas.

Por outro lado, há a história anterior do Homem de Preto, que ganha nova força ao se cruzar com a trajetória de William (Jimmi Simpson) e do homem responsável por ter financiado toda aquela estrutura, o empresário James Delos (Peter Mullan). Este está doente, e o seu comprometimento com aquele lugar parece ter outros interesses por trás, mais urgentes e caros a sua condição. Mas se ele é o homem do dinheiro, não seria o outro, enfim, aquele que teve as ideias? A possibilidade de diversas linhas narrativas temporais aumenta o grau de interesse pelos desdobramentos de cada ato ou situação envolvendo os principais personagens. Quantos estão num mesmo espaço e quantos estão separados por anos ou até mesmo décadas? Como se vê, nada é tão simples.

As ausências, principalmente, de Maeve (Thandie) e Dolores (Wood) tem, também, uma função clara: causar desconforto na audiência, que começava a se acostumar com a liderança das duas. Mas Westworld é mais do que o destino destas duas mulheres, ou mesmo sobre uma revolução de robôs contra aqueles que os criaram – e, por fim, os usaram a seu bel prazer. Este é um conto de entrega e redenção, sem nunca deixar de ser também uma pequena novela de horror com desfechos inimagináveis. Com uma ajuda cada vez mais distante para solucionar um problema que já fora de controle, não se pode desprezar o valor de uma peça colocada nesse quebra-cabeça, ainda que ela levante mais dúvidas do que aquelas do cenário anterior.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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