Crítica


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Sinopse

O Homem de Preto, quando diante da própria filha, se vê tendo que confrontar o passado para aprender qual passo dar a seguir. Porém, terá ele, de fato, assimilado os acontecimentos que até hoje lhe assombram? Maeve está à beira da morte, enquanto que Dolores e Teddy enfrentam um novo desafio rumo ao Vale do Além.

Crítica

Após dezenove episódios, ficou mais do que claro termos quatro personagens fundamentais para o desenrolar das tramas de Westworld: Dolores (Evan Rachel Wood), Maeve (Thandie Newton), Bernard (Jeffrey Wright) e Willian (Jimmi Simpson / Ed Harris). Estes são os únicos aos quais lhes são permitidos, além de atitudes que influenciam diretamente no andar dos acontecimentos, também mergulhos em suas histórias, desvendando passados e imaginando futuros. E se uma quer ser livre, outra parte em busca da filha e há o que está atrás da própria identidade. Mas, o que sabemos sobre o Homem de Preto? Ainda muito pouco, é fato. Pois Vanishing Point, nono capítulo desta segunda temporada, assume essa função, confirmando-se como um dos melhores momentos deste ano.

Robert Ford (Anthony Hopkins) está de volta, e disposto a fazer um acerto de contas. Com quem? Consigo mesmo, acima de qualquer coisa. Quase como uma consciência, ele se manifesta ao lado de Maeve – não mais do que uma presença imóvel numa mesa cirúrgica, esperando o empurrão necessário para voltar ao controle – e Bernard – este ainda perdido, mas já consciente de qual caminho tomar. A relação de ambos com Ford – Maeve é declarada como a sua favorita, enquanto que Bernard se vê lutando contra seus instintos mais básicos, arriscando a própria segurança, em nome de uma humanidade que talvez nem imaginasse mais existir nele – será determinante para os rumos que ambos tomarão a partir de agora. Mas, e quanto à Dolores? O que dizer a respeito daquela que era a figura de mais destaque na primeira temporada e que agora parece submetida a um maniqueísmo quase intolerável?

Na pele de Wood, uma atriz não muito acostumada a sutilezas, Dolores se tornou neste segundo ano tão robótica quanto a designação de sua personagem. A ausência de emoções da atriz se verifica com maior incidência neste episódio, principalmente quando ao lado do desempenho de Newton, que mesmo sem falar ou se mover consegue deixar clara sua superioridade artística. No entanto, se estamos falando dos desempenhos femininos, como ignorar a pequena – porém fulgurante – participação de Sela Ward, que surge como uma força da natureza, em sua beleza inebriante e um magnetismo quase palpável. Harris desaparece ao seu lado, e é justamente por causa do seu talento que o que lhe acontece acaba ressonando com tamanha força, apesar de a termos conhecido mais intimamente há tão pouco tempo. E se o passado oferece uma nova luz às ações de hoje, o que dizer a respeito das consequências das atitudes agora praticadas?

Como lidar com as decisões tomadas a todo instante parece ser o verdadeiro mote de Vanishing Point. Bernard refugia-se no seu âmago, Maeve encontra nela as forças para seguir adiante, Dolores paga o preço por sua ambição e William vê-se cada vez mais sozinho e isolado. E, além disso tudo, há um parque tomado pelo caos. Visitantes e anfitriões, as fronteiras que separavam uns dos outros não mais existem – se é que já houveram. O fim, afinal, está mais próximo do que nunca. E o Vale do Além não permite o acesso de qualquer um. Há mais sacrifícios a serem feitos. Afinal, como bem sabem cada um destes peões, o valor a ser pago pode ser alto demais diante do que lhes será oferecido após todo esse turbilhão.Quem viver, literalmente, verá.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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