Crítica


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Sinopse

Enquanto Maeve a segue, Dolores visita o México com Caleb. Já Bernard, William e Stubbs desocupam a instalação.

Crítica

Mesmo que, felizmente, os responsáveis por essa terceira temporada de Westworld tenham começado a deixar de lado aquelas infindáveis tramas paralelas e focado suas atenções nos personagens que realmente interessam, ainda há muito se desenrolando na trama de Passed Pawn – “o passar do peão”, como num jogo de xadrez, em tradução direta – o sétimo episódio deste ano. Porém, ainda que a grande revelação a respeito do passado de Caleb (Aaron Paul, finalmente mostrando a que veio) tenha peso fundamental na mudança das perspectivas e a dinâmica no relacionamento entre os androides Bernard (Jeffrey Wright) e Ashley (Luke Hemsworth) com o humano William (Ed Harris) tenha sofrido tenha finalmente ganhado relevância, está no aguardado embate entre Dolores (Evan Rachel Wood) e Maeve (Thandie Newton) o verdadeiro clímax desse capítulo. Este, porém, é o penúltimo desta leva, o último antes da conclusão. Conseguirá o encerramento atingir notas tão altas quanto as aqui verificadas?

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Antes de nos focarmos no tão alardeado encontro das duas protagonistas, outras novidades também chamaram atenção. Para começo de conversa, a participação especial de Angela Sarafyan, na pele da robótica Clementine – mas com a ‘alma’, por assim dizer, da própria Dolores – já foi um afago aos fãs do programa. E sua passagem, ainda que rápida, não foi despercebida – e nem irrelevante. Com Musashi (Hiroyuki Sanada, de Wolverine: Imortal, 2013) finalmente fora de cena, as atenções de Solomon, a inteligência artificial que comandava não apenas as ações verificadas dentro de Westworld e dos demais parques artificiais, mas também de todas as redes de interações entre homens e mulheres nos quatro cantos do planeta, enfim puderam se focar no único ponto de divergência remanescente: Dolores. Ela quer o fim de tudo e todos, e sua ousadia é tamanha que deseja alcançar seus objetivos com a ajuda da mesma ferramenta que deu origem ao caos de agora. No entanto, ela possui uma carta na manga (Caleb), mas também uma pedra no caminho (Maeve).

O duelo entre Dolores e Maeve, mesmo que reservado para os últimos quinze minutos do episódio, foi mais do que suficiente para aquecer as tensões em relação à trama da série, que andavam bem esmaecidas desde o final da temporada passada. Enquanto que Evan Rachel Wood ofereceu a sua melhor performance neste ano, indo da aceitação à determinação desenfreada, submetendo-se ao sacrifício necessário para que o plano num quadro maior seja alcançado, Thandie Newton revelou um excelente preparo físico, agindo com desenvoltura no combate corpo a corpo entre as duas, ao mesmo tempo em que mostrou surpresa frente a alguns desdobramentos, incluindo aí o seu desconhecimento a respeito da presença de Caleb e o que ele pode vir a significar nessa nova ordem. Maeve tem um acerto com Serac (Vincent Cassel) e fará o possível para cumprir o que prometera, mas dá sinais de que não estava plenamente ciente de tudo que estava envolvido nessa decisão.

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Enquanto Bernard finalmente consegue se colocar a par de tudo o que ocorria no lado de cá da verdade e o que será preciso fazer para salvar não apenas os seus, mas a própria ordem das coisas, Caleb ressurge como a maior incógnita de todas. Sua escolha, como se percebe, não foi ao acaso, e Dolores tinha muito claro, desde o princípio, quais eram os motivos que a levaram a recrutá-lo. Com apenas mais um capítulo pendente, Westworld tem tudo para encerrar seu terceiro ano em alta – a quarta temporada já foi aprovada – criando o cenário ideal para o grande confronto entre os homens e as máquinas. E, por mais incrível que possa parecer, não será surpresa nenhuma se a maior torcida entre os espectadores estiver junto ao segundo time.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.