O quinto dia do 42º Festival de Cinema de Gramado começou em meio à neblina que cobriu a cidade, e com o retorno do frio (além da chuva) que vinha dando uma trégua até então. Pela manhã, enquanto no Palácio dos Festivais acontecia a reprise de El Crítico, filme de Hernán Guerschuny, na Sede do Recreio Gramadense, por volta das 11h, iniciou-se a coletiva de imprensa com as equipes dos curtas-metragens exibidos na noite anterior. Falaram com os presentes os realizadores Kyoko Yamashita, de A Pequena Vendedora de Fósforos, e Allan Ribeiro, de O Clube. Logo depois, foi a vez do bate-papo com os responsáveis pelo longa-metragem argentino, que repercutiram a acolhida do público.
No Palácio dos Festivais, a tarde iniciou com a exibição de Antes Que o Mundo Acabe (2009), de Ana Luiza Azevedo, dentro da Mostra Infantil. Já no Recreio Gramadense, houve o encontro 50 anos de Crítica, organizado pela ACCIRS (Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul) com o apoio da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). A conversa mediada por Ivonete Pinto contou na bancada com três dos mais importantes nomes da crítica gaúcha: Hiron Goidanich, Enéas de Souza e Hélio Nascimento. Referências não só locais, eles conversaram sobre influências, os anos de formação e suas trajetórias, dividindo com o público que lotou a sala de debates um pouco da experiência de quem vive há muito do pensar cinema, no que foi até agora um dos pontos altos das programações paralelas do Festival.
A tarde seguiu na sala de debates com um seminário sobre formação de roteiristas, com Leo Garcia, Davi Pinheiro e Fabiano de Souza, no qual se discutiu o conceito da profissão bem como o valor da atividade para o desenvolvimento do cinema brasileiro. Enquanto isso, no palco principal, dentro da Mostra Gaúcha, foi exibida a mais nova realização de Jorge Furtado, O Mercado de Notícias (2014). Nela, o cineasta gaúcho reflete sobre a atividade jornalística, sobretudo em suas áreas mais nebulosas, numa construção narrativa que alterna entrevistas com profissionais da área e fragmentos de encenação da peça The Staple of News, de Ben Jonson.
O frio se intensificou à noite, e a programação dos Palácios dos Festivais começou com a projeção do curta Compêndio, de Eugenio Puppo e Ricardo Carioba, cujo experimentalismo chamou a atenção do público presente. Logo após, mais um curta-metragem da Mostra Brasileira, Sem Título # 1: Dance of Leitfossil, de Carlos Adriano, filme que alterna um número de dança de Fred Astaire e Ginger Rogers com a figura de Bernardo Vorobow, em ritmo de fado.
A sequência da programação se deu no que foi, quem sabe, o ponto alto da noite: a entrega do Troféu Oscarito para Flávio Migliaccio. O prêmio foi entregue ao ator pelo casal Nelson Xavier e Via Negromonte, eles que fizeram questão de homenagear o colega, exaltando sua importância para o teatro e o cinema brasileiros. Visivelmente emocionado, Migliaccio agradeceu o reconhecimento, mencionando, ainda, sua admiração pelo próprio Oscarito. O uruguaio El lugar del Hijo, de Manuel Nieto, foi o primeiro longa da noite. Na trama, um estudante de Montevideo que precisa voltar à sua cidade natal após a morte do pai.
Em seguida, foi exibido o curta-metragem Coração de Príncipe, Caio Ryuichi Yossimi, animação em estilo gótico sobre o amor quase impossível entre os príncipes do dia e da noite. A noite se encerrou com a exibição do longa venezuelano Esclavo de Dios, de Joel Novoa, cujo núcleo são as tensões entre judeus e palestinos.
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