Em 20 de julho se comemora o Dia do Amigo para celebrar a amizade entre as pessoas. Comemorado em países como o Brasil, o Uruguai e a Argentina, lembra o aniversário da chegada do homem à Lua. É um momento para abraçarmos nosso amigos mais próximos e também lembrar das verdadeiras amizades. Afinal, foi neste dia em que o médico argentino Enrique Ernesto Febbraro, em 1969, decidiu enviar mais de quatro mil cartas para diversos países e idiomas, justamente com o intuito de instituir a data, pois considerava que “a chegada do homem à Lua era um feito que demonstrava que se o homem se unir com seus semelhantes, não há objetivos impossíveis”. Pensando nisso, o Papo de Cinema decidiu olhar para o próprio acervo e selecionar dez grandes filmes para passar bons momentos no dia de hoje ao lado daquele amigo de verdade! Como parâmetro, decidimos que seria preciso ter a palavra “amigo” – ou derivadas, como “amiga” ou “amizade” – no título, para deixar bem claro o nosso objetivo. E assim chegamos a dez longas bastante diversos, de dramas à comédias românticas, de documentários à ficções, vindos de Hollywood, França, Brasil e até da Austrália. Aproveite nossas dicas… e feliz Dia do Amigo!
O Casamento do Meu Melhor Amigo (My Best Friend’s Wedding, 1997)
Quem ainda não viu esse filme, vale lembrar a história: Julianne Potter (Julia Roberts, uma aposta certeira como protagonista) recebe o convite do melhor amigo de anos Michael (Dermot Mulroney) para ser madrinha do casamento dele, que será realizado na casa da família da noiva, Kimberly (Cameron Diaz, em um dos seus primeiros papéis de destaque). Só que a convidada se dá conta, somente ali, que está apaixonada pelo antigo amigo, e decide fazer de tudo para atrapalhar os preparativos da cerimônia e causar dúvidas no casal. Chega inclusive a chamar seu melhor amigo gay, George (Rupert Everett, revelando-se um excelente comediante), para causar ciúmes no antigo amor. Não são poucas as cenas divertidas do longa, que se apresenta como um frescor dentro de um gênero tão desgastado. Confira a crítica completa de Matheus Bonez
Uma Amizade sem Fronteiras (Monsieur Ibrahim et les fleurs du Coran, 2003)
O ator egípcio Omar Sharif voltou à cena com este belo trabalho, o seu último de destaque nas telas. E a história que encontramos aqui é daquelas que cresce aos poucos, como se fosse de menor importância, até envolver o espectador de tal modo e com tamanho arrebatamento que torna complicada a tarefa de segurar as lágrimas. Momo (Pierre Boulanger) é um garoto que leva uma vida atribulada ao lado do pai, após o abandono da mãe. Mesmo assim, a relação paterna é complicada, e afeto, carinho e dedicação o rapaz recebe das prostitutas que trabalham perto de sua casa e do sr. Ibrahim (Sharif), dono da mercearia local. Este, mais do que uma companhia, será quem irá cuidar do amigo mirim e fazer dele um homem. As experiências de um começarão a fazer parte do outro, a ponto de, juntos, decidirem sair numa jornada insólita em busca da terra natal dos sonhos que ambos cultivam em seus sonhos. Emocionante sem ser piegas, é um bonito conto de como a união de duas pessoas pode transpor os obstáculos mais difíceis. Confira na íntegra a crítica de Robledo Milani
Mary & Max: Uma Amizade Diferente (Mary & Max, 2009)
Mary é uma garotinha australiana cheia de imaginação e inteligência. Max, um senhorzinho nova-iorquino que sofre de Síndrome de Asperger, um tipo muito forte e característico de introspecção. Um dia, Mary decide enviar uma carta aleatoriamente para um endereço que encontra em um catálogo. Max, num desafio à própria síndrome, responde a inusitada correspondência. Começa uma improvável amizade que se estende por mais de 20 anos. É essa a história dessa animação australiana de beleza ímpar. O filme, aliás, é daquele tipo de marca o espectador e impressiona pela forma simples como lida com sentimentos muito complexos. Mais do que agradar crianças, é capaz de emocionar e marcar fortemente adultos, com potencial para se tornar um dos seus filmes favoritos. Confira na íntegra a crítica de Dimas Tadeu
Meu Amigo Claudia (2009)
Claudia Wonder foi uma figura importante em diversos aspectos para a história do país, e é surpreendente como se comenta pouco a respeito das contribuições dessa artista e ativista multifacetada. Claudia nasceu Marco Antonio Abrão, foi abandonado pela mãe quando era ainda pequeno e acabou sendo criado em um ambiente rígido e religioso imposto por outros familiares. É um pouco dessa maneira que inicia o documentário dirigido por Dácio Pinheiro, que dá voz para a protagonista nos relatar essa e muitas outras histórias, olhando para a câmera como se olhasse nos olhos do espectador, se apresentando e magneticamente tomando todas as atenções. É entregue um longa que acontece como uma conversa íntima de amigos, através de uma colagem de depoimentos diversos de atores, músicos e colegas de Wonder. Porém, o que o filme traz vai muito além. O título, aliás, vem de um texto escrito por Caio Fernando Abreu sobre a própria, com quem mantinha uma relação de profunda admiração. Afinal, como Caio também apontava, Wonder vem do inglês e tem como significados ‘maravilha, prodígio e espanto’. São somente três palavras, mas que ajudam a conhecer um pouco mais sobre essa incrível figura. Confira na íntegra a crítica de Renato Cabral
Amizade Colorida (Friends with Benefits, 2011)
Em cena, temos Justin Timberlake e Mila Kunis, ambos simplesmente adoráveis. A química entre eles é evidente, e não há quem na plateia não fique na torcida pelo final feliz, por mais óbvio que seja. Afinal, estamos falando de uma comédia romântica. A diferença é que, ao invés de dois estranhos, conta-se a história de dois melhores amigos que decidem transar, porém sem um compromisso sério entre eles. Só que o que começa tão bem logo irá se transformar em algo sério, ao menos para um deles. E como falar a verdade nesse ponto? Quem irá assumir primeiro seus novos sentimentos? Neste ponto, o que fica claro é que o filme não se importa muito em como ele irá terminar, e sim com o que acontece até lá. É o processo que diverte e conquista. Simpático, leve e envolvente – o que mais se pode pedir de uma produção do gênero? Talvez não subestimar a inteligência do espectador. E é dessa forma que esta produção conquista o público do início ao fim. Confira na íntegra a crítica de Robledo Milani
Uma Estranha Amizade (Starlet, 2012)
Quando Jane, uma garota sem muitos recursos que sobrevive através de bicos na indústria pornográfica de Los Angeles, decide adquirir bens para o quarto que está alugando na casa de amigos, acaba comprando uma garrafa térmica para usar como vaso de flores de Sadie, uma senhora com mais de oitenta anos que está organizando uma “venda de jardim”, ou seja, se livrando de coisas pessoas que acredita não terem mais utilidade. Só que logo depois a moça descobre dentro do antigo objeto dez mil dólares, quantia que provavelmente nem a dona original sabia da existência. Jane não roubou a garrafa – pagou por ela, e desse modo, pelo que ela continha também – e ninguém poderia julgá-la por ficar com o dinheiro, ainda mais sendo quem é, sobrevivendo do jeito que vive. Ao invés disso, decide devolver o valor à proprietária de direito. Essa, no entanto, uma idosa solitária e fechada à estranhos, nem lhe dá oportunidades para explicações em suas tentativas de aproximação. Mas a jovem insiste, e se não encontra como simplesmente entregar o achado, decide usá-lo em seu bem, convivendo com ela e fazendo destes momentos juntas um período de descobertas e realizações para ambas. Confira a íntegra a crítica de Robledo Milani
Amigos Inseparáveis (Stand Up Guys, 2012)
Não é toda hora que nos deparamos com um título que conta com os oscarizados Al Pacino, Christopher Walken e Alan Arkin como protagonistas. E se por um lado o longa se apoia exageradamente no talento e, principalmente, no carisma destes atores, deixando a trama de reencontros e acertos de contas um pouco no segundo plano, por outro essa decisão é até compreensível – afinal, o que o espectador quer é vê-los em ação, independente de um enredo convincente ou não. Em cena, temos um recém saído da prisão, um que vai buscá-lo e um terceiro que está em uma casa de repouso. A questão é que uma antiga questão deverá colocá-los em conflito, e na relutância de encarar esse passado eles terão mais uma noite juntos, vivendo-a como se fosse a última – o que talvez de fato seja – aventura ao lado dos companheiros. Entre visitas ao prostíbulo recatado e paradas em lanchonetes, os três astros conseguem manter o interesse do espectador, a despeito das obviedades da trama. Confira na íntegra a crítica de Robledo Milani
Grandes Amigos (Amitiés Sincères, 2012)
Este é um filme de e para adultos, uma surpresa interessante que recompensa os dedicados com delicadeza e sensibilidade. Como protagonistas temos três amigos de longa data – um é dono de um restaurante em busca de sua primeira estrela no Guia Michelin, o segundo é um escritor enfrentando uma crise criativa e o terceiro é o dono da livraria onde se encontram regularmente. Se este é um solteirão gay amargurado por ter sido abandonado por seu grande amor trinta anos atrás, o autor encontra inspiração para uma nova obra ao retomar uma relação romântica com uma garota muito mais jovem do que ele – e que vem a ser filha do primeiro. Além dessa revelação bombástica que irá abalar a amizade entre eles, terá que enfrentar ainda outros dilemas, tanto em casa quanto no trabalho. E se as mentiras e confusões que acontecem entre eles são mais pontuais do que relevantes para o desenvolvimento das ações, é mera consequência de uma rotina imposta pelos próprios personagens. E no fim, temos um filme que consegue prender a atenção o tempo suficiente até sua conclusão, que merece crédito pela maturidade das soluções apresentadas. Confira na íntegra a crítica de Robledo Milani
Os Amigos (2013)
Apesar do título coletivo, este filme apresenta o reencontro de um homem de meia-idade, Théo (Marco Ricca) consigo mesmo. A morte de um amigo de infância faz com que o protagonista realize uma reflexão forçada sobre a própria vida. Entender o que permaneceu da infância imaculada nos traços duros do homem de hoje é um desafio, atenuado unicamente pela delicadeza da amizade de Majú (Dira Paes). Théo percebe, então, que os anos passaram no descuido dos dias. O amigo se foi – como tantos outros, quem sabe – sem a atenção devida. Faltou a última conversa, a última piada. O abraço derradeiro não veio. A falta definitiva dóis mais. Para justificar a distância, em certo momento afirma não ter sabido da gravidade da doença do amigo. O que Théo não desconfiava, parece, era a gravidade da vida. O desamparo, moeda de troca da aproximação, ancora na narrativa. Quando Théo aceita o que lhe falta, então, sim, o mundo engrena novamente. A delicadeza não surge, mas se constrói nas relações humanas: no trato diário com a empregada, na casmurrice desfeita na mesa de almoço, na promessa de felicidade dos olhos de Majú. Confira na íntegra a crítica de Willian Silveira
Uma Nova Amiga (Une Nouvelle Amie, 2014)
Claire e Laura são amigas desde o primeiro dia em que se conheceram, ainda na infância. A empatia entre elas foi imediata, e logo se tornaram inseparáveis. Já adultas, a segunda falece durante o parto, e a primeira entra em depressão. Mas ao decidir voltar para o mundo, vai visitar a afilhada recém-nascida e o marido da amiga. É quando se depara com aquela nova mulher, que irá ocupar cada vez mais espaço em sua vida. Nós – personagem e espectadores – nos deparamos com Virginia, que nada mais é do que David – o viúvo – vestido de mulher. Essa condição – o transexualismo – sempre foi uma realidade para ele, mas limitada à própria casa (a esposa sabia e o aceitava desse modo). Agora caberá à amiga lidar com essa faceta, tendo que aprender a vê-lo desse modo, se encarregando de descobrir as respostas para as perguntas que surgem a partir desse momento: será ele gay? Bissexual? Pode um homem heterossexual se vestir de mulher e ainda continuar se sentindo atraído pelo sexo oposto? E como ficam os sentimentos dela? Por que esconde – à princípio – estas revelações do próprio marido e o que passa a lhe atrair tanto nesta ‘nova amiga’. O diretor François Ozon está mais preocupado em apontar perguntas do que em apresentar respostas, e este é um dos grandes méritos deste filme iluminado até o último instante. Confira na íntegra a crítica de Robledo Milani